terça-feira, 8 de abril de 2014


Meia noite e quinze. Meto a chave à porta, dou 4 voltas (a chave, não eu) entro, pouso as chaves junto de uma publicidade perdida em cima da mesa que ocupa o hall. Caio no sofá. Literalmente. Chego do cinema, "Sei Lá" era assim o titulo, e podia contar uma monstruosidade de barbaridades a propósito do mesmo. Podia mesmo. Não me dou por arrependido, mas "sei lá" tão pouco me apetece falar sobre.

Em casa manda o silêncio. Não que o tenha convidado a entrar, são apenas razões das circunstâncias (ou lá como dizem ou intelectuais). A janela da sala dá para a varada. Lá fora correm os carros pela avenida, vêem-se luzes ao longe e um infinito que os olhos não avistam. Sim eu sei, tinha prometido não contar barbaridades. E não, não vou falar do filme, mas há promessas que devem ser escritas para quebrar.

Sinto saudades.
Não de quebrar regras ou promessas "escritas no ar". Mas sinto saudades. Não sinto saudades de sair à noite, não sinto saudades dos amigos (sei que os verdadeiros estão sempre presentes), não sinto saudades de locais, não sinto saudades de viajar ou da futilidade de ter um carro melhor do que aquele que tenho agora. Não sinto saudades de nada disso. Sinto antes saudades do que, verdadeiramente não tenho. Não são objectos, não é o dinheiro que me "falta" todos os dias, não é do sol que teima em não aparecer, nao é nada disso. "Então, o que é?" Não é o quê.

Tu sabes.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Preciso urgentemente de te amar

segunda-feira, 3 de março de 2014

Mea Culpa

Hoje remeto-me aos factos. Nada mais do que isso. Nem sempre o faço, Mea Culpa. Hoje, traduzido à letra, seria apenas mais um dia no calendário que já se alonga para lá de um inverno rigoroso. Meus caros, entendam que "hoje" pode ser um qualquer dia. Será sempre aquele que tu, e eu, e sei lá quem mais, quisermos. Quando desfolham o jornal, uma revista, ou mesmo um livro, leiam sempre aquelas letras pequeninas, mesmo no fundo da página. As entrelinhas. É nelas, na maioria das vezes que corre o sangue que nos faz viver. Para bom entendedor meia palavra basta, e vastas (não) são as palavras que hoje, amanhã ou depois, utilizarei. Corre o tempo, e nós atrás do tempo. Nós, eu, tu, o vizinho do 2º Esq. que saí todos os dias apressadamente, sempre à mesma hora. Isto é um facto, vários aliás. E é disto que a vida trata. Factos...
...
Apago a luz que ilumina as sombras cinzentas da sala e acendo o pequeno candeeiro, cor de vidro de onde emana um cheiro forte a petróleo. Foi um presente da minha querida avó. Pego na velhinha maquina de escrever, dominada pelo pó acumulado, colo a folha em branco, que rapidamente ganha vida. Escrevo o teu nome. É segredo. É um segredo só meu... 
...
Coloco a cabeça sobre o tampo escuro da mesa, e em silencio fico a escutar o que aquele piano, no canto da sala tem para me dizer. Os mais atentos sabem que não se trata de um piano vulgar. Não. Não porque seja meu, mas porque ao contrario dos que conheço, este não tem teclas. Também de pouco me serviriam. Apesar de apaixonante o seu som, não nasci dotado de talento para o usar. Ainda assim decidi leva-lo comigo. E como ele me preenche todos os dias de cada vez que declama melodias, notas soltas cheias de improviso...
...
Olho para o relógio. É tarde. Mas o que é isso de ser tarde? O que é isso de ser longe demais?
O que é isso de não tenho tempo? Recorro às linhas, as tuas linhas, na busca de uma resposta. Nunca fui um grande aficionado da leitura, não, mas tenho uma parede, enorme, como o teu sorriso, preenchida com os ditos. Decidi que, aquela parede seria preenchida assim. Sem tinta, apenas com títulos, capas e contra capas, letras, linhas que se transformam em textos. Não é uma simples decoração, é mais uma reserva de memorias. Sim, também constam os diários que em tempos escrevi, e não me venha com merdas que isso são apenas coisas de meninas! Os diários, pois claro...
...
Humedecendo a ponta dos dedos com o suco dos teus lábios, apago o pequeno pavio e volta a escuridão à sala, a minha sala, onde figuram um piano, aquele de já vos falei; uma parede pintalgada por livros coloridos, e cartas de amor também. Sim que eu em tempos mereci, e jaz uma maquina de escrever, velhinha como as rugas que me apoquentam e não deixam disfarçar que, enfim, eu como todos nós não caminhamos para novos. É o tempo que corre atrás do tempo...
...
Factos. E desses não podemos fugir. Nem do doce, amargo, agri doce da vida.
Um sorriso. Cor de avelãs e preenchido com o azul do mar. Ou será celestial, o azul?
Basta isso...
...

Até amanhã, porque hoje já passou.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

É

É tão estúpido
A imensidão
Do absurdo
Desta minha
Loucura.
Ainda assim
Faz-me
Sentir vivo,
Preso ao vicio
De um quer
Tremendo,
Incapacitante
Transparente
Religioso até.
Submeto-me ao ridículo,
Sem forças
Para me negar a mim mesmo.
Espero,
Em vão
A tua chegada
De um lugar
Onde eu já parti.
Não te peço
O ontem.
Pertence-te a ti
Esse passado.
Aguardo antes
Esse amanhã
Que por mim
Pode chegar no comboio
Das 7,
Aquele em que te
Encontrei
E me perdi
Num dejá vu.
Hoje?
Que sejas minha.
Tanto me faz,
Na cama,
A hora,
Não importa quem sou
ou onde estás.
Quanto tu estás,
Tudo
Tão pouco importa.


Foto retirada do Instagram, utilizador @rdesign4 (agradeço a gentileza)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

...

E tudo muda
Quando percebes
Que aquilo
Que tens
É uma mão cheia,
Cheia de nada.

Tudo muda
Quando
Decides deixar
De existir.
Cantos
Vazios,
Persianas fechadas
Galhos quebrados
Pelo peso
Da neve.

Tudo muda,
Tudo mudou.
Ontem tudo,
Hoje um pouco mais
Para amanhã,
Tanto de
Nada.
Nada!

Morreu
em mim,
Copo
Meio cheio
De saudade,
Margens difusas,
Cegas
De paixão.
Uma paixão
De nada.
Porquê?
Tudo muda.
Hoje o mundo,
Amanhã um pouco de nada.




















foto minha

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Twice

São teus,
Tamanhos como
Como um oceanos
Amados,
Serenos,
Calmos,
Tamanhos como
O céu
Que nos abriga.

São teus.
Celestes
E imaculados,
Supremos
Nefastos,
Tamanhos são
São teus
Esses olhos,
Olhos tamanhos.

São teus
Não roubados,
Os olhos
Meu Deus,
Tamanhos
Que são
Esses olhos
Olhos teus.

São teus
Obscenos
E ternos,
Desaguados
Em mim,
Em ti
Plantados.

E são tamanhos
Esses olhos
Outrora
Castanhos,
Agora
Engolidos
Numa língua
De mar.

Não são meus
Nem me atrevo
A roubar,
São tamanhos,
Assim quis
Quem pudesse
Amar.















Imagem retirada da internet

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Promessas

Aconchego-me no banco
pintado de branco
como a pele do teu corpo.
O dia, salpicado de um azul celeste,
estende-se para lá do monte,
aquele lá bem ao fundo
muito além do que os nossos olhos alcançam.

Chego a casa
encontro-te ao piano,
sussurras-me ao ouvido
com as mãos a dedilharem
as teclas
que não existem.

Encontro uma lágrima tua
escondida no bolso
do teu casaco preferido.
Estava esquecido
no armário que nunca mais
tive coragem para abrir.
Lembra-me de ti.
Lembra-me dos teus olhos
da cor que eu
fiz questão de esquecer.
Não digo.

Grafitado, ao fundo da minha rua
ontem nossa
estão as palavras
que juramos ser eternas
fieis
promessas inabalaveis,
sexo sedento de amor...